Nove meses após o início da vacinação contra a dengue no Rio Grande do Sul pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 42% dos imunizantes recebidos ainda não foram aplicados. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), das 82.339 doses enviadas pelo Ministério da Saúde, 48.018 foram utilizadas até a última terça-feira, 11, enquanto 34.321 seguem sem uso.
O esquema vacinal prevê duas doses, com intervalo mínimo de três meses entre elas. No entanto, apenas 10.180 pessoas completaram a imunização, entre as 37.838 que receberam a primeira dose. O público-alvo da vacina são crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que, em 2024, registrou mais de 12 mil casos confirmados e três mortes pela doença.
— A secretaria faz um apelo para que pais e responsáveis procurem as unidades de saúde e imunizem as crianças e adolescentes. Já temos 11 casos confirmados nessa faixa etária em 2025, e a previsão é de aumento com a chegada do período mais quente e chuvoso —, alerta Roberta Vanacor, chefe da Vigilância Epidemiológica do RS.
Em 2024, o Estado contabilizou ao menos 281 mortes causadas pela dengue, e a expectativa das autoridades sanitárias é de um novo salto nos casos nos próximos meses.
Fatores que influenciaram a baixa adesão
Segundo Roberta, a vacinação contra a dengue enfrentou desafios como o desinteresse da população e o impacto das enchentes que atingiram o Estado em 2024.
— Desde 2016, observamos uma queda nas coberturas vacinais por diversos motivos, incluindo movimentos antivacina. Além disso, as enchentes desmobilizaram a comunidade e dificultaram o início da vacinação, que só ganhou força a partir de junho —, explica.
Com a previsão de aumento nos casos devido ao clima favorável à proliferação do mosquito transmissor, a SES reforça o pedido para que a população busque a imunização, garantindo uma barreira eficaz contra a doença.