Perdas na safra de soja podem ultrapassar 30% da produção
Produtores da região enfrentam impactos negativos nas lavouras, com perdas de produtividade e qualidade, enquanto buscam alternativas para mitigar os efeitos climáticos
Publicado em 03 de março de 2025
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A safra de soja no Rio Grande do Sul está enfrentando desafios significativos, com a combinação de seca prolongada e temperaturas elevadas prejudicando a produtividade e a qualidade das lavouras. Com a proximidade da colheita, produtores do Estado têm vivenciado uma queda no potencial produtivo de suas lavouras, o que se reflete em perdas econômicas consideráveis. A situação tem gerado preocupação entre os agricultores, que buscam estratégias para minimizar os danos causados pelas condições climáticas adversas. 

De acordo com o gerente do escritório regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Cleomar De Bona, a estiagem tem sido a principal adversária dos produtores.

– As lavouras enfrentaram uma série de desafios ao longo do ciclo produtivo, com períodos prolongados de seca e altas temperaturas, o que impactou diretamente a qualidade e o rendimento da soja –, explica De Bona. Ele observa que, em algumas regiões do Estado, as perdas podem ultrapassar 30% da produção, dependendo da intensidade da estiagem.

Além da escassez de chuva, o calor excessivo tem contribuído para a redução da qualidade do grão. “Em algumas áreas, temos visto o grão murchar antes da maturação, o que compromete a produtividade e até mesmo o preço do produto nas negociações”, detalha o especialista em grãos, Felipe Lorencini. Segundo ele, o impacto na qualidade da soja é evidente, com grãos de menor tamanho e maior presença de impurezas. “Este cenário resulta em uma soja com menor valor de mercado, prejudicando a rentabilidade dos agricultores”, completa Lorencini.

A situação é ainda mais desafiadora para os pequenos e médios produtores, que possuem menos infraestrutura e recursos para lidar com as adversidades climáticas. O gerente Cleomar De Bona destaca que a assistência técnica fornecida pela Emater/RS-Ascar tem sido crucial para orientar os produtores sobre as melhores práticas de manejo e as alternativas para mitigar os impactos da seca.

– Estamos trabalhando em conjunto com os produtores para implementar estratégias como o uso de variedades mais resistentes e o manejo eficiente da irrigação, sempre que possível –, afirma De Bona.

Apesar dos desafios, há um esforço coletivo para recuperar o potencial das lavouras que ainda podem ser salvas. A Emater/RS-Ascar tem orientado os agricultores sobre a necessidade de monitorar as condições do solo, realizar ajustes nos cronogramas de plantio e colheita e, quando possível, aplicar tecnologias que possam melhorar a resistência das plantas a condições climáticas adversas.

Felipe Lorencini acredita que a situação atual pode servir como um alerta para a necessidade de diversificação na produção agrícola.

– Os produtores precisam estar atentos às mudanças climáticas e buscar alternativas que reduzam a dependência de culturas mais vulneráveis às variações de clima, como a soja –, afirma Lorencini. Ele sugere que o cultivo de outras culturas, como milho, arroz e feijão, pode ser uma solução viável para alguns agricultores.

Com a colheita se aproximando e a previsão de que as condições climáticas não melhorem significativamente nos próximos dias, os produtores seguem em um esforço contínuo para minimizar as perdas. A adaptação às mudanças climáticas se mostra essencial para garantir a sustentabilidade da produção agrícola no Rio Grande do Sul, e a assistência técnica continua a ser um pilar fundamental nesse processo.

Fonte: LA+
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