Severamente afetado pelo fenômeno meteorológico que atingiu o Rio Grande do Sul em abril e maio, o Museu Estadual do Carvão, localizado no município de Arroio dos Ratos, está aplicando uma técnica inovadora para recuperar o acervo. Aproximadamente 650 caixas de documentos históricos e 100 maços de documentos de grandes dimensões do arquivo da mineração ficaram submersos, comprometendo sua integridade. O acervo foi congelado em um frigorífico da região logo após o recuo das águas e, agora, passa por processo de descongelamento controlado e desinfecção.
A técnica está sendo aplicada pela primeira vez no RS. A iniciativa é fruto de parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do Estado, e viabilizada com recursos doados pelo Banrisul.
O congelamento teve por objetivo evitar a proliferação e colonização de micro-organismos, garantindo a preservação dos materiais até que o processo de recuperação pudesse ser iniciado. Em colaboração com a restauradora do Palácio Piratini, Isis Fofano, e a empresa paulista Preservatech, especializada em tecnologia de preservação de acervos, o processo de descongelamento, secagem controlada do material e desinfecção com ozônio foi iniciado nas dependências do Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (Marsul), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), e deve ser concluído até o final de outubro.
O trabalho é conduzido pelo alemão Stephan Schäfer, especialista em gerenciamentos e ana?lise de riscos para conservac?a?o de acervos, conservac?a?o preventiva, conservac?a?o-restaurac?a?o, peritagem e ana?lise cienti?fica de obras de arte.
De acordo com Schäfer, “a grande vantagem da utilização desse processo é que não haverá colonização por micro-organismos durante a secagem dos documentos, apesar da grande quantidade de água absorvida no papel durante a inundação”. O esforço coordenado pela Sedac visa garantir que a história da mineração e do carvão, preservada nos documentos do museu, continue acessível para as gerações futuras.